sexta-feira, 11 de junho de 2021

Em São Paulo, Dalai Lama diz ser um 'bom cristão' e promove seu livro

 

Em São Paulo, Dalai Lama diz ser um 'bom cristão' e promove seu livro

Líder religioso tibetano está no país e deu coletiva de imprensa nesta sexta.
Ele citou a China como mau exemplo no contexto do meio ambiente global.

Fábio TitoDo G1, em São Paulo

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O Dalai Lama disse nesta sexta-feira (16), em entrevista coletiva em São Paulo, ser um "bom cristão" e aproveitou para fazer propaganda de seu novo livro, que nem sequer foi traduzido para o português.

Questionado se acredita haver uma maneira de as diferentes religiões conviverem em harmonia, ele respondeu que todas as crenças têm o mesmo objetivo, de construir paz interior.

"Um amigo australiano uma vez me descreveu como 'um bom cristão'. Eu disse: sim, tudo bem. E lhe disse que ele era um bom budista", afirmou. Ele disse ainda não ser um bom praticante da meditação e das orações, mas que busca aplicar seus valores e crenças no cotidiano, o que, segundo ele, é o "mais importante".

O Dalai Lama dá entrevista nesta sexta-feira (16) em São Paulo (Foto: Fabio Tito/G1)O Dalai Lama dá entrevista nesta sexta-feira (16) em São Paulo (Foto: Fabio Tito/G1)

O tibetano repudiou o preconceito entre as religiões. "Há pessoas que não podem ouvir que um outro é muçulmano, por exemplo. Você precisa, antes, pegar o Corão (livro sagrado islâmico) e lê-lo, pode até compará-lo com a Bíblia para ver como eles trazem a mesma mensagem", declarou.

O líder tibetano brinca exibindo seu novo livro (Foto: Nacho Doce/Reuters)O líder tibetano brinca exibindo seu novo livro
(Foto: Nacho Doce/Reuters)

Livro
Em seguida, aproveitou para fazer propaganda de seu novo livro. "Eu mesmo tinha uma necessidade de entender essa questão melhor. Estudei e constatei que todas as religiões trazem a mesma mensagem, como está escrito no meu novo livro", disse, exibindo um exemplar em inglês.

Mas, ao ser informado por assessores que o livro ainda não foi traduzido para o português, ele brincou: "Então, o dinheiro de vocês não será gasto".

Entre uma pergunta e outra, enquanto o tradutor passava para o português as respostas dadas no inglês com forte sotaque, o líder budista mostrava seu bom humor fazendo poses para os fotógrafos.

China
Quando a pergunta foi sobre o debate ecológico entre as nações, o Dalai Lama fez uma breve menção à China, país que controla a região do Tibete e é contrário à representatividade política do monge budista.

"O cuidado com a importância ecológica está crescendo. Minha impressão é que os governos estão mais propensos a tomar decisões pelo meio ambiente. Mas há países que têm interesses nacionais maiores que os globais, como a China, e isso não é uma coisa boa para o mundo", afirmou.

No Brasil desde quinta-feira (15), quando proferiu uma palestra para empresários em São Paulo, o Dalai Lama está em sua quarta visita ao país. No sábado, ele realiza novas palestras antes de deixar o país.

Dalai Lama
Tenzin Gyatso, que é o 14º Dalai Lama seguindo o conceito de reencarnação do Budismo, é monge e doutor em filosofia budista. Ele luta pelos direitos dos tibetanos desde que partiu para o exílio na Índia em 1959, quando fracassou uma revolta contra o domínio chinês, exercido desde o início daquela década.

Trinta anos depois do início da luta, em 1989, o monge recebeu o Prêmio Nobel da Paz por suas tentativas de chegar a um acordo sobre o futuro do Tibete.

Atualmente, cerca de 140 mil tibetanos vivem no exílio, a maioria deles na Índia. O governo tibetano no exílio não é reconhecido formalmente por nenhum país.

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