quinta-feira, 15 de junho de 2017

ABRAÃO-MOISÉS-ELIAS-SÃO JOÃO BATISTA

05 - Personagens Bíblicos
1 - Abraão reencarna como Moisés

O nome Abraão significa pai Rama em hebraico. Logo, pode-se perfeitamente perceber a influência ariana na formação espiritual de Abraão; embora do ramo semita da Atlântida, ele deve ter absorvido a cultura ariana de que Rama foi o expoente. E isto pode ser melhor entendido se considerarmos que Abraão nasceu e foi educado em Ur, na Caldéia (hoje, o Iraque). Esta cidade, naquela época, devia ter cerca de 250 mil habitantes e era um centro comercial e cultural do Médio Oriente, além de cruzamento de rotas das caravanas que demandavam o Egito vindas do Oriente e vice-versa. Logo, em Ur, devia-se tomar contato com muitas culturas.

Abraão era filho de Tare, que tinha mais dois filhos: Ara e Naor. Com a morte de Ara, Tare desgostou-se de Ur; reuniu Naor, Abraão e a mulher deste - Sara -, mais os outros dois filhos de Ara - Lot e Milca (pois Sara também era filha de Ara) -, e mudam-se todos para Haran, cerca de mil quilômetros ao norte. Estávamos por volta do ano 3000 a. C.

Abraão era um homem convicto, realmente, da existência de um único Deus. Uma personalidade marcante, pois apesar de toda a idolatria que o circundava e do fetichismo da época, manteve-se inabalável em sua crença. Foi, assim, o instrumento utilizado por Deus (ou pelo Plano Espiritual Superior) para implantar a idéia do monoteísmo — do Deus único - entre os homens, preparando-os para a vinda do Messias.

Na Gênese, 12: 1-3, encontramos os termos da aliança feita pelo Plano Espiritual com Abraão: "sai da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, e vem para a terra que eu te mostrarei." E Deus lhe indicou a terra de Canaã como sua nova pátria. Saiu, pois, Abraão rumo a Canaã - a Terra Prometida. Levou consigo sua mulher Sara, mais Lot e sua mulher, além de muitos servos e um rebanho. Estabeleceu-se nas imediações de Siquém.

Uma grande seca assolava aquela região, e Abraão, tendo notícia de que no Egito havia abundância, deslocou-se para aquele país. Levou todo seu pessoal e o rebanho. A beleza de Sara chegou ao conhecimento do faraó, que mandou seus servos trazerem-na à sua presença. Pretendia toma-la como uma de suas esposas, pois Abraão - temendo represálias — fê-la passar por sua irmã. Diz Bíblia que vários incidentes ocorreram na casa do faraó e seus adivinhos lhe disseram que era por causa daquela mulher. Disseram-lhe que não era irmã e sim esposa de Abraão.
O faraó mandou chamar Abraão, repreendeu-o por haver lhe mentido e ordenou que se retirasse do Egito juntamente com Sara e os demais membros da família. Deixando os escravos para libertá-los mais tarde, Abraão juntou seus parentes e rebanhos e rumou para outras terras. Durante sua vida nômade, implantou o Código de Hamurabi. Escoado esse período, Abraão morreu, recebendo, depois, a tarefa de renascer no Egito, como libertador de seu povo.

Este grande libertador e legislador é Moisés, que reencarna para completar a sua tarefa de liderar o povo hebreu rumo à Terra Prometida. A esposa de Abraão - Sara - reencarna como Termutis, filha do Faraó Ramsés II, que retira o menino Moisés do Rio Nilo, tornando-se sua mãe e verdadeiro anjo de guarda. O seu nome em hebraico é Bathya, isto é, filha de Jeová, tal o respeito que os hebreus devotam a esta princesa egípcia.

Lot reencarna como Josué, e Melquisedec como Arão. Fonte: O Revelador, edição de 1943 -Enciclopédia Barsa

2 - Elias 

No Evangelho de Jesus, é notória a alusão a João Batista como sendo Elias. Vejamos um pouco de cada um: Relato sobre Elias Elias (- meu Deus é lave) era natural de Tisbe, em Galaad. O nome e o local parecem conservados nas hodiernas ruínas de El-Istib (Lisdib) a cerca de 5 km a noroeste da comarca de Ajlum, naTransjordânia. É o profeta defensor do culto do verdadeiro Deus.

1. IRs 17,18. Elias aparece e prediz a Acab três anos de seca (17:1). Depois se esconde junto à torrente de Carit, onde é alimentado pelos corvos (17:2-8). Daí, vai para Sarepta, na Fenícia, onde multiplica a farinha e o óleo de uma viúva e ressuscita o seu filho morto (17:9-24). Depois de três anos, Elias apresenta-se a Acab, por meio de seu servo Abdias (18:1-17), e desafia Acab a uma prova com os profetas de Baal para ver se será lahweh ou Baal a enviar a chuva. A prova tem lugar sobre o monte Carmelo: os profetas de Baal recorrem a uma dança ritual e ao transe. lahweh responde ao apelo de Elias consumindo o sacrifício com fogo do céu; depois disso, a chuva veio, proveniente do mar (18:18-46).

2. lRs 19:1-21. Elias é obrigado a fugir do reino devido à hostilidade de Jezabel. Vai para o monte Horeb, onde lahweh aparece a ele, não em meio ao terremoto, ao furacão e ao fogo, mas sim em uma brisa suave. Então, diz-lhe que unja Hazael como rei da Síria, Jeú como rei de Israel e Eliseu como profeta que iria suceder ao próprio Elias (19,1-18). No caminho de volta, chama Eliseu, que estava trabalhando ao arado, para que o siga (19:19-21).

3. l Rs 21:1-29. Elias prediz a destruição da casa de Acab. Motivo: Jezabel havia tramado a condenação de Nabot para obter a sua vinha para Acab.

4. 2Rs 1. Elias ameaça Acazias de morte porque, ao ficar doente, pediu ajuda ao Baalzebul (deus de Acaron) ao invés de apelar para lahweh. No curso da narração, Elias invoca ao fogo do céu para consumir dois grupos de cinquenta homens enviados para prendê-lo.

5. 2Rs 2:1-18. Elias leva Eliseu consigo e é arrebatado ao céu em um carro de fogo, deixando a Eliseu o seu manto e dois terços (uma dupla porção) do seu espírito de profecia. A vocação de Elias se demonstra autêntica quando Eliseu divide as águas do Jordão, tocando-as com o manto de Elias.

Em geral, os críticos concordam em afirmar que esse ciclo reúne as lendas sobre Elias que circulavam entre os grupos proféticos, os "filhos dos profetas". A ênfase é dada decididamente ao aspecto miraculoso: nesse aspecto, o ciclo de Elias só é superado pelo de Eliseu.

No fundo, trata-se de destacar a resistência de Elias, quase sozinho (cf. IRs 19:18), contra o culto de Melcart, o Baal de Tiro, introduzido no reino de Israel por Jezabel, uma princesa de Tiro que se casou com o tolerante Acab. O culto a Baal não foi extirpado através dos prodígios de Elias e Eliseu, mas sim através do extermínio da dinastia, devido a conspirações e homicídios. A tradição profética justifica o uso destas táticas delituosas atribuindo-as à teofania do Horeb, onde Elias teria tomado conhecimento de que lahweh não se encontra no terremoto, no furacão ou no fogo - ou seja, na violência —, mas sim na brisa suave, isto é, naqueles meios secretos com os quais Hazael e Jeú se apossaram dos respectivos reinos, destruindo suas dinastias, que patrocinavam os cultos estrangeiros. Talvez a tradição profética tenha atribuído a Elias uma política que não era sua, mas que talvez tenha sido a política de Eliseu.

Elias aparece como profeta que insiste no caráter único da divindade de lahweh e no repúdio a qualquer culto a outros deuses. Ele afirma o domínio de lahweh sobre a natureza, que era a área específica dos deuses cananeus segundo o ciclo ritual da fecundidade. Elias também é o defensor da tradicional moralidade hebraica contra a tirania do absolutismo. A sua grandeza é atestada pelas numerosas alusões a ele, tanto no Antigo como no Novo Testamento.

A lenda profética original construía a sua experiência de Deus com características tomadas das tradições mosaicas: o lugar é o mesmo - o monte Horeb; as características da teofania - terremoto, vento, fogo - são as mesmas. Mas também fica explícita a antítese entre esses dois grandes personagens. Para Elias, lahweh não se encontra nesses elementos violentos. 2Cr 21:12-15 apresenta uma carta de advertência escrita por Elias a Jorão, rei de Judá.
A sua atribuição a Elias constituiu a base para a crença posterior em um retorno de Elias. Essa crença já existia quando foi escrito Ml 4:5, passagem segundo a qual Elias retorna antes do dia de lahweh. Tal crença é mencionada em Edo 48:10 e por diversas vezes nos Evangelhos (Mt 11:14; 17:10; Mc 9:11). Alguns pensavam que o próprio Jesus fosse Elias (Mt 16:14; Mc 6:15; 8:28; Lc 9:8 e 19). Também a João Batista foi perguntado se ele era Elias (Jo 1:21 e 25). O próprio Jesus resolveu a questão, afirmando que João Batista era aquele Elias que devia vir (Mt 11:14; 17:12; Mc 9:13).

Falando-se de João Batista, diz-se que ele caminhava na frente do Senhor, com o espírito e o poder de Elias (Lc 1:17). Elias, representante da profecia, e Moisés, representante da Lei, são as testemunhas da glorificação de Jesus (Mt 17:3; Mc 9:4; Lc 9:30). Em Nazaré, Jesus alude ao episódio de Elias e da viúva para demonstrar que um profeta pode ser rejeitado precisamente em sua pátria (Lc 4:24-26). O nome de Elias é usado uma vez por Paulo em uma de suas Epístolas (Rm 11:2). Elias, "um homem semelhante a nós", também é proposto como modelo de oração (Tg 5:17).

3 - João Batista

João (hebr. yehôhanan, "lahweh é benigno", gr. loannes). Nome atribuído a diversas pessoas no NT.

1. Filho de Zacarias e Isabel, chamado "o Batista" (gr. Baptistes, "batizador"). Lc l narra a história de seu nascimento: o anúncio a Zacarias por parte do anjo Gabriel, a idade avançada de seus pais, o mutismo de Zacarias, a escolha do nome, o reconhecimento de Jesus ainda no ventre materno por parte de João, que ainda estava no ventre de sua mãe.

Os temas do nascimento de um filho de pais de idade avançada, do anúncio do nascimento por meio de um anjo e do nome escolhido de modo extraordinário constituem ecos dos relatos de Abraão, Isaac, Sansão e Samuel. O relato da concepção e do nascimento de João parece conter também elementos de midraxe, no qual a história expressa simbolicamente a antecipação do acontecimento salvífico no Evangelho. Mas "simbolismo" não quer dizer "criação fantástica": o parentesco entre João e Jesus provavelmente faz parte da tradição autêntica.

Mais tarde, João aparece (Mt 3:1-10; Mc 1:4-6; Lc 3:1-9) no deserto de Judá anunciando o reino (Mt), o dia do juízo (Mt-Lc) e conclamando ao batismo e à penitência (Mt-Mc). João vestia-se de um modo que recorda Elias (Mt); sua vida no deserto também é um
eco do modo de vida de Elias. Ec acrescenta alguns detalhes sobre o seu ensinamento moral (3:10-14): generosidade para com os pobres e renúncia à violência e à opressão.

João anunciava a vinda do Messias como juiz (Mt3:ll;Mcl:7;Ec3:15-18). O Messias batizaria com o Espírito Santo e com fogo, razão pela qual o batismo de João - que era um símbolo de arrependimento ao qual conclamava - constituía apenas uma preparação. Quando Jesus uniu-se àqueles que queriam ser batizados por João, este o reconheceu como Messias (Mt 3:13-17; Mc 1:9-1 l;Ec 3:21). Os sinóticos dão testemunho do grande número de pessoas que iam vê-lo e ouvi-lo (Mt 3:5-7; Mc 1:5).

A apresentação de João Batista em Jo não é muito diferente da dos sinóticos. João Batista foi enviado por Deus para "dar testemunho da luz" (1:6-15). Jo 1:19-36 narra que João negou ser o Messias, indicando Jesus como "Cordeiro de Deus". Depois dessa indicação de João Batista, Jesus começou a fazer então os primeiros discípulos. O testemunho de João em relação a Jesus é repetido em Jo 3:25-30.
João foi preso por Herodes Antipas, que ele havia censurado publicamente por seu matrimônio adúltero e incestuoso com Herodíades (Mt 4:12; Mc l: 14; Ec 3:19). No relato dos sinóticos, Jesus não começa o seu ministério antes da prisão de João Batista.

A figura de João também se faz presente na vida pública de Jesus. Pergunta-se a Jesus por que seus discípulos não jejuavam, ao passo que os discípulos de João jejuavam (Mt 9:14; Mc 2:18; Lc 5:33). Em outra passagem, Jesus chama a atenção sobre o contraste entre a austeridade da vida de João e o seu próprio modo comum de viver (Mt 11:18; Lc7:33).

Da prisão, João enviou seus discípulos para que interrogassem explicitamente Jesus sobre sua messianidade (Mt 11:2-6; Lc 7:19-23). A resposta de Jesus, expressa nos termos do Servo de Isaías, foi uma resposta muito clara para aqueles que conheciam o AT. Não há motivo para pensar que se tratasse de um procedimento teatral da parte de João, nem para convencer a si mesmo, mas sim para convencer seus discípulos; não é improvável que João houvesse perdido um pouco da certeza demonstrada em seu primeiro testemunho e quisesse estar seguro. A resposta de Jesus não somente o tranquiliza a respeito, mas também define o caráter de sua messianidade.

O testemunho de Jesus a respeito de João faz dele o maior entre os nascidos de mulher (Mt 11:11; Lc 7:28). Em João se concretizou a crença judaica de que Elias retornaria antes do Messias (Mt 17:13; Mc 9:13). Alguns chegaram a pensar que Jesus fosse João ressuscitado da morte (Mt 16:14; Mc 8:28; Lc 9:19). Jesus reduziu os fariseus ao silêncio perguntando-lhes se o batismo de João era "do céu ou dos homens" (Mt 21:25-27; Mc 11:30-33; Lc 20:4-8); a fama popular de João como profeta era tão grande que os fariseus não ousavam pôr em dúvida a autenticidade de sua missão. O NT o apresenta como o último dos profetas do AT, o precursor do Messias.
Afinal, João foi executado devido a uma tola promessa feita por Herodes durante uma orgia (Mt 14:3-12; Mc 6:17-28; Lc 9:9). A morte de João é atestada também por Josefo, que testemunha a popularidade de João e seu prestígio entre o povo. Jo 5:33-36 acrescenta um testemunho de Jesus sobre João como "testemunha da verdade" e "facho ardente e luminoso", destacando sua influência sobre o povo
(Jo 10:41).

Desde os primeiros tempos considerava-se que o batismo de João marcou o início da vida pública de Jesus (At l :22; 10:37). A própria antítese de João entre o seu batismo e o batismo no Espírito Santo e no fogo é repetida em At l: 5; 11:16. O testemunho de João em relação a Jesus nos Evangelhos retorna no discurso de Paulo em Antioquia da Pisídia (At 13:24-25). Os discípulos de João sobreviveram como grupo singular, vários anos depois de sua morte, até mesmo em lugares distantes como Efeso (At 19:3); Apoio, originário de Alexandria, que se tornou cristão em Éfeso, conhecia apenas o batismo de João (At 18:25).

Os textos de Qumrã projetaram alguma luz sobre João, mas também colocaram alguns problemas. Se João batizava no vale do Jordão, nas proximidades do mar Morto — como todas as indicações topográficas dão a entender -, ele não pode ter deixado de ter contatos com o grupo de Qumrã, cujas construções podia ver de longe.

O papel do batismo no apelo de João à penitência não encontra paralelos no Judaísmo ortodoxo, mas sim nos ritos de Qumrã; a hostilidade de João em relação aos círculos dos sacerdotes e escribas corresponde à linha de Qumrã. Mas também é certo que na proclamação de João - tal como ela é registrada nos Evangelhos - não há nenhum elemento que faça pensar que, naquela época, João fosse membro do grupo de Qumrã; da mesma forma, também é verdade que não existe na literatura de Qumrã nenhum elemento que prepare os seus membros ao reconhecimento de Jesus como Messias.
Por outro lado, não se deve pensar que as linhas desses grupos fossem tão retas e rígidas a ponto de excluírem qualquer vínculo. Não é o caso de pensar - como fazem alguns estudiosos - que João tenha sido membro do grupo de Qumrã e que depois, insatisfeito, se tenha desligado do grupo para dedicar-se à vida solitária; entretanto, é provável que, antes de unirem-se a João Batista, alguns de seus discípulos tenham participado das experiências da comunidade de Qumrã.
Valdemiro Vieira

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